Vivemos uma época de insatisfação geral. Pressionados pela necessidade de ter, vamos abrindo mão de nossas habilidades inatas em função de um contínuo enriquecimento. Os valores materiais ainda dominam o mundo, transformando o trabalho em uma máquina de produzir riquezas. O prazer ficou para trás. A alegria de viver cedeu lugar ao sucesso profissional.
É claro que o sucesso profissional traz realização e felicidade. Quando conquistado pela força de um ideal interior. Não adianta lutarmos para seguir um caminho de prosperidade se tivermos que abrir mão dos valores e das necessidades da alma. Precisamos aprender a realizar a nossa vontade, não o que julgamos mais conveniente. Matar a alegria em nome do dinheiro é matar um pouco de nós mesmos.
Resgatar a simplicidade da vida não é fácil. Cada vez mais nos embrenhamos na trajetória de satisfação das exigências sociais, em detrimento daquilo que é o nosso sonho mais profundo. E vamos nos afastando da nossa essência, até que começamos a perder de vista nosso verdadeiro Eu. Passamos então a agir muito mais pelo que devemos ser do que pelo que somos de verdade.
Para modificar essa condição e sermos realmente felizes, temos que nos desapegar das convenções do mundo. A felicidade está na realização daquilo que nos dá prazer. Entenda-se por prazer um contentamento genuíno, fruto da satisfação de metas saudáveis, dignas e edificantes. O prazer gerado pelos desequilíbrios, os excessos e os desejos desenfreados nada mais é do que tortuosa ilusão. Perde-se o que é falsa aparência, fica a sensação de vazio.
Quando fazemos o que nascemos para fazer, o prazer é certo e a abundância é consequência. Alegria de viver é fonte de sucesso. E sucesso é uma realização da alma, algo tão poderoso que magnetiza, naturalmente, as coisas boas da vida. Cada um de nós foi dotado de um talento. Ao nascer, atraímos do universo dons que estão alinhados com a natureza da nossa alma. E se hoje nos distanciamos dessa essência mais pura, é porque priorizamos a necessidade de domínio das coisas da matéria.
Não devemos nos sentir culpados nem nos desfazer do que legitimamente conquistamos. O que precisamos é tentar conciliar o desprazer do cotidiano com momentos daquela genuína alegria. Procurar realizar sonhos antigos, que julgamos esquecidos ou superados. Nada que reverte em favor da nossa alegria estará ultrapassado.
Chegou a hora de ingressar naquela aula de dança, de pintura, de inglês. De rabiscar uns poemas, cuidar de animais, fazer docinhos, crochê, bordados. Criar um blog, escrever o que vier à cabeça, jogar jogos de computador. Cuidar do jardim, cultivar flores, fazer artesanato, costurar, aprender a cozinhar. Voltar a estudar, tirar fotografias, tocar piano, violão ou bateria. Qualquer coisa que se tenha vontade e que não transgrida as normas de limite e respeito. Tudo isso só pelo prazer da realização.
Esses são artifícios para tentarmos resgatar o prazer perdido ou substituído pelas exigências do mundo moderno. Atender aos nossos sonhos não é irrelevante. Nós não somos supérfluos. Somos importantes, temos o direito de ser felizes. E para isso, precisamos acreditar que merecemos toda felicidade que a vida pode nos proporcionar.
Façamos hoje algo que nos dê prazer. Amanhã recolheremos as alegrias.