Estamos vivendo em um mundo realmente confuso, numa época de transição que está trazendo muitas dores ao nosso planeta e, consequentemente, a nós também.
As agressões na vida são muitas e as mais variadas: somos agredidos no trabalho, pelo chefe que nos humilha; somos agredidos numa loja ou repartição, porque o atendente ganha mal e não tem paciência nem educação; somos agredidos no trânsito, quando levamos uma fechada ou outro motorista nos xinga; somos, muitas vezes, agredidos do nada, quando alguém nos dá um fora aparentemente inexplicável.
O que fazer? A física nos diz: Toda ação provoca uma reação de igual intensidade e em sentido contrário. Essa lei, de ação e reação, pode e deve ser aplicada a todas as nossas relações da vida. Quando recebemos uma ação que nos agride, temos a tendência de reagir da mesma forma, e o resultado será a devolução da violência, que vai rebater no agressor, e voltar, e ser devolvida, e tornar a rebater, e isso não termina.
Por conta dessa lei, ocorrem verdadeiros desastres, a começar pelos nossos lares. Vivemos em constante reclamação, gritando uns com os outros, nos ofendendo, reagindo tal qual sofremos a ação. A ação é o que provoca o resultado, e a reação é o resultado devolvido ao agente. Então, para quebrarmos o padrão da reação, precisamos simplesmente não reagir.
A violência não está somente nos gestos truculentos dos brutos que fazem as guerras, cometem assassinatos ou explodem como homens-bomba. Ela também está dentro de nós, e essa, na maioria das vezes, é a mais difícil de ser percebida. Não conseguimos visualizar a violência quando reagimos à ação do outro. Ao contrário, achamos que é nosso direito reagir às ofensas. Quando alguém nos agride, nosso orgulho nos estimula a revidar, porque não queremos ser chamados de bobos nem admitimos que alguém fique por cima de nós, na nossa visão distorcida.
Responder na mesma moeda só aumenta a violência, seja verbal, seja física. Temos sempre que responder com o sentimento oposto. Se alguém nos diz palavras de ódio, temos que aprender a enviar o inverso, que é o amor. Lembremos de Jesus, o maior exemplo de amor. Sem reagir, sem ofender, ajudava a todos e a qualquer um só por amor à humanidade.
O que nós fazemos, quase sempre, é nos igualar ao agressor em todos os sentidos. Respondemos à altura e, o que é pior, nos sentimos orgulhosos disso, porque assim ninguém vai nos chamar de idiotas. Mas será que devemos nos orgulhar de atitudes que envenenam o nosso espírito? Logo nos sentimos mordidos e damos o troco. Agimos todos na mesma sintonia, embarcamos na mesma onda de intolerância e, com isso, vamos alimentando a violência.
É difícil nos policiarmos e dominarmos a nossa própria agressividade, contudo, se fosse fácil, não seríamos seres humanos. Reencarnamos para experienciar e aprender, dominando nossos instintos mais primitivos, dentre os quais se encontra a violência. Não temos que ser iguais ao agressor. Quem executa uma sentença de morte possui instinto igual ao do condenado: não se importa de matar.
A violência é um grande mal no nosso planeta e precisa ser combatido. Mas não se combate a violência com mais violência. Sem falar que atraímos espíritos que vibram nessa sintonia de ódio e agressividade, e que vão estimulando em nós comportamentos violentos, para provocar mais reação e, com isso, se alimentar de mais ódio.
O mundo precisa é de amor, que trará a paz a todos os povos. É engano nosso acharmos que não temos nada com isso, que o problema do vizinho não é nosso. Não é diretamente, mas indiretamente, sim. Se começarmos a agir de forma amorosa, outros acabarão se contagiando, até que chegará o momento em que todo o planeta estará vibrando na mesma sintonia de amor. Isso é sonho? Não, é responsabilidade nossa, faz parte do nosso dever de colaborar com o equilibro da humanidade. Temos apenas que ter coragem e começar; fazer a nossa parte, independentemente do que outros estão fazendo.
Só que nós, infelizmente, ainda temos uma natureza vingativa, mesmo que não nos apercebamos disso. Falamos mesmo: bandido tem que morrer, sem nem nos lembrarmos de que, muito provavelmente, já fomos como ele um dia, em alguma vida passada. E é ilusão achar que matar um bandido acaba com o problema. Ele só muda de lugar: passa do mundo físico para o invisível e vai continuar agindo segundo a sua natureza, só que com muito mais liberdade para influenciar os encarnados que estão em sintonia com ele. E quando é que isso vai terminar?
Vai terminar quando nós percebermos que o combate à violência tem que começar por nós, através da modificação de nossos pensamentos, palavras e atitudes. Isso não acontece da noite para o dia, então, temos que nos esforçar para conhecer bem as verdades divinas, lendo e nos instruindo, para que aprendamos a controlar a agressividade em nós, colocando-a sob o domínio da nossa razão.
É tudo uma questão de exercício. Vamos começar pelas coisas mais simples: se alguém nos xingar no trânsito, vamos pedir desculpas e dar um sorriso. Nosso chefe brigou conosco? Vamos nos esforçar para fazer melhor e, se alguém nos der um fora, vamos abraçá-lo e mostrar que não guardamos mágoas nem rancor. E se não conseguirmos nada disso? Bom, então só nos resta rezar para que Deus nos dê sabedoria para controlar nossos impulsos mais destrutivos.
Somente através do exercício constante é que aprenderemos a ter autodomínio. Mais ou menos como Gandhi, que soube lutar pelos direitos de seu povo sem o uso da violência, sem qualquer reação às agressões que sofria, apenas agindo com amorosidade e respeito. E são dele as seguintes frases, que devem servir de reflexão para nossas vidas:
“Aprendi, graças a uma amarga experiência, a única suprema lição: controlar a ira. E do mesmo modo que o calor conservado se transforma em energia, assim a nossa ira controlada pode transformar-se em uma função capaz de mover o mundo. Não é que eu não me ire ou perca o controle. O que eu não dou é campo à ira. Cultivo a paciência e a mansidão e, de uma maneira geral, consigo. Mas quando a ira me assalta, limito-me a controlá-la. Como consigo? É um hábito que cada um deve adquirir e cultivar com uma prática assídua.
“A não-violência não existe se apenas amamos aqueles que nos amam. Só há não-violência quando amamos aqueles que nos odeiam. Sei como é difícil assumir essa grande lei do amor. Mas todas as coisas grandes e boas não são difíceis de realizar? O amor a quem nos odeia é o mais difícil de tudo. Mas, com a graça de Deus, até mesmo essa coisa tão difícil se torna fácil de realizar, se assim queremos.
“Ao rejeitar a espada, não tenho senão a lâmina do amor para oferecer àquele que investiu contra mim. É ao oferecer-lhe esta lâmina que espero sua aproximação. Não posso conceber um estado de hostilidade permanente entre um homem e outro. Pois, crendo na reencarnação, vivo na esperança que, se não nesta vida humana mas numa outra, poderei cingir toda a humanidade num fraternal abraço.
“Só podemos vencer o adversário com o amor, nunca com o ódio.”
E, há muitos anos, disse Joanna de Ângelis:
“Quando alguém te atirar lama, não fiques teimosamente à frente, porque ela te baterá na face e te sujará por alguns minutos. Quando alguém o fizer, sai do caminho. A lama passa e quem a jogou ficará com as mãos sujas. Nunca revides, para que não fiques enlameado também”.
Façamos deles o nosso exemplo.