A verdade é um dos valores eternos e inalienáveis do espírito, e deve ser límpida e pura, transparente qual um fio de água que escorre da pedra. Há de ter também um grau elevado de serenidade, sem deixar de ser firme, porque falar com aspereza nem sempre é sinal de firmeza.
Quando um mestre diz uma verdade, ele não se altera, porque a verdade, por si só, é tranquila e não necessita de defesas inflamadas, porque ela própria é a voz da defesa de si mesma. Se a verdade agride, ela não é propriamente verdade. É mais uma arma de coação ou intimidação do que uma amostra simples das coisas.
Dizer a verdade não é submeter ou humilhar, mas colocar cada coisa em seu lugar de forma simples e amorosa. Ninguém atira um enfeite de cristal sobre a prateleira, porque ele se quebra. É preciso tratar o cristal com amor e cuidado, porque ele é um ser sensível, e aquele que o manuseia é responsável pela sua integridade. Da mesma forma, não devemos simplesmente atirar a verdade sobre o outro como se ela fosse um bloco de concreto. Se assim o fizermos, ela se partirá em fragmentos sem sentido, e a prateleira a qual se destinava permanecerá vazia. Não terá, portanto, nenhum efeito, ou poderá surtir efeito contrário, rompida em pedacinhos que cortam e ferem com raiva, mágoa, frustração.
Lembremo-nos sempre de que a verdade é o estado natural de todas as coisas, e não se ouve falar em mentiras da natureza. A natureza flui; o homem pensa. Se pensa, programa, e nem sempre aquilo que ele programa sai conforme a verdade. A natureza se permite ser estudada a qualquer tempo, porque não inventa coisas para enganar o observador. O único ser que engana quem o observa é o ser humano. E, como o maior observador do homem é a sua consciência, temos que ele sempre engana é a si mesmo.
Que a verdade pura e serena possa se estabelecer em nossos corações como mais um dos muitos caminhos que elevam o homem à consciência de Deus.